Mal acordo sinto o coração frio, esperando por ti Amor, quente Amor! E lá está ele, escondido no meu peito, receando ver-te, Senhor do Amor, no dia que se prolongará.
Ai Amor Amor, tu sabes o que me fazes? Eu fico com medo de ti! Quanto maior ficas, maior é a senhora Desilusão. E tu Senhor do Amor, já viste quão grande é a Desilusão que crias-te? Raio de criação a tua! E sabes, Senhor do Amor, o que acabei de te dizer agora? Que te amo muito! Se não te explicasse, provavelmente, nunca verias nestas palavras amor. Não é que esteja a chamar-te "pouco inteligente", mas pouco entendedor de significados ocultos.
Eu sei que mais tarde, talvez quando já fores adulto, tu compreendas deste assunto. Eu gostava de te poder ensinar, mas tu não me entendes, eu Procuradora do Amor sou muito confusa, tal como tu pensas nessa tua mente inerte.
Contudo, repara Amor, eu fiz tudo por esse senhor, tudo o que podia fazer. Mas tu nunca chegas-te a mim das mãos dele devidamente aceitável. Chegas-te sempre despedaçado, como se alguém antes já te tivesse usado! Eu nunca te vi limpinho, novinho, cheirando a novo, enfeitado com porporinas de alegria! Eu já te senti o cheiro, mas ver-te assim, eu nunca vi! Recebi-te sempre de braços abertos, mesmo com esse ar vagabundo.
Senhor do Amor dá-me o amor que eu tanto procuro! Eu sei, tu tens-lo! Eu vi a forma dele no teu bolso superior do casaco, no lado esquerdo! Eu sei, só tu podes dar-mo! E tu sabes que só eu tenho a caixa que o guarda. Dá-mo!

( E não é que este texto seja para alguém, porque não é. )