Costumavas tu sair de manhã, voltar á noite (noite como quem vulgariza a coisa). E eu já tinha perdido a conta de há quanto empo já se repetia tal facto. Mal te via, chegavas tarde e já alterado ... Eu não gostava na verdade. E quando me levantava já tu tinhas ido, sei lá para onde ... Sei lá.
Um dia, sais-te bem mais cedo e até hoje ainda não voltas-te! Agora, sinto falta mesmo do tempo em que só ouvia a porta a bater e o estardalhaço das chaves a penetrarem na fechadura, do tempo em que só sentia as tuas pernas geladas se infiltrarem nas minhas já de madrugada, em que só sentia o teu abraço (não para me confortares, mas sim para te confortares, o que era típico teu). No entanto eras o homem, o meu homem, mesmo que fosses vagabundo não o deixavas de ser, mesmo com esse hálito que tresandava a álcool e mesmo que tivesses mil amantes eu ia-te amar para sempre. E mesmo depois de tudo isto, eu não tive vontade de te trair, nem tive raiva de ti, muito menos pensei em deixar-te. Habituei-me a ter-te mesmo que fosse só por uma ou duas horas e mesmo que mal te visse o rosto ... Eu sonhando sentia-te, sonhava que éramos felizes e que estávamos rodeados de filhos com sorrisos radiantes. Mas, que mais posso fazer? Deixaste-me na amargura e fugis-te para um sítio qualquer desconhecido.
Agora ninguém te poderá substituir, pois és o único ... Jamais trairia o meu coração.
"Não preciso de ti, mas tenho saudades tuas."
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